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quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Crítica: Amor em Jogo


Tema importante, mas enredo fraco



Longa israelense transita entre homossexualidade, futebol e amor, mas com uma trama fraca, pouco engraçada ou romântica

Em um contexto onde temas como sexualidade são cada vez mais importantes de serem abordados em sociedade, a comédia romântica israelense Amor em Jogo trata da homossexualidade em um país predominantemente conservador. O longa, estrelado por Gal Gadot (a famosa Mulher Maravilha) e Oshri Cohen, conta a história de Ami Shushan (Oshri Cohen), um jogador de futebol que vive na conservadora cidade de Jerusalém. Após flertar com Mirit (Gal Gadot), namorada de um grande mafioso da região, o Sr. Bukovza (Eli Finish), é obrigado pelo criminoso a se assumir gay publicamente. A repercussão de seu anúncio não é bem vista, porém, ao longo da trama, acaba se tornando uma importante figura para a comunidade LGBT+. 


Ami Shushan se assume gay bem no começo da trama e todo o filme vai trabalhar em torno disso e do romance que ele desenvolve às escondidas com Mirit. Romance esse que é fraco e sem química. Por ser um jogador de futebol, esporte por natureza machista,  e ainda por cima em Jerusalém, ao se assumir homossexual, o craque é rejeitado pelos técnicos, colegas de time e até mesmo torcedores, sentindo na pele o que é a homofobia e com isso desconstruindo seus próprios preconceitos ao longo do filme. 



Por ter sido produzido em 2014, mas lançado em 2019, é um pouco problemático em alguns pontos, essencialmente na estereotipação dos gays, lésbicas, travestis e trans, em algumas piadas ou até mesmo na retratação física dos personagens. Mas, por se tratar de um filme feito em Israel, não é tanto. Outro ponto negativo é que não chega a ser muito engraçado em nenhum momento. Há algumas piadas dignas de uma ou outra risada, mas nada muito divertido. Assim como na parte do romance, como já dito, não encanta muito.

O filme tinha tudo para ser muito bom, levando-se em conta a temática abordada e sua relevância, mas, apenas isso não sustentou a trama. Tem um enredo bastante fraco, não há nada de incrível ou mesmo muito engraçado. Se tratando de uma comédia romântica, deixa bastante a desejar. Mas, por ser um filme israelense, e por tratar de um tema tão polêmico para grande parte do povo local, torna-se relevante, considerando-se o sistema religioso e preconceitos enraizados na população. 

Direção: Shay Kanot

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Crítica: Coringa


Malvado ou apenas um ser humano?


Segundo o filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Culturalmente, ainda é bem forte a ideia de que o ser humano, ao sair do estado de bondade nato, torna-se um indivíduo bom ou mau. A partir desta perspectiva é que se constroem heróis e vilões. No entanto, a nova história sobre a origem do grande inimigo do Batman, dirigido por Todd Phillips e roteirizado por Scott Silver, tem uma pegada humanizada muito profunda, pois transmite a mensagem de que todos são o que são por algum motivo. Coringa tem a dizer que o homem apresenta uma dualidade de emoções dentro de si que pode oscilar entre ternura e ódio, mas  isso não o torna bom ou mau, apenas humano.
O longa-metragem conta a trajetória árdua de Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) até ele se tornar no grande criminoso Coringa. Um homem infeliz que, ironicamente, tirava seu sustento da arte de trazer a alegria com sua fantasia de palhaço. Apesar de pouco talentoso, seu sonho, desde a infância, era ser um grande humorista. Arthur sofria de um problema neurológico que provocava crises de risos involuntárias e, desde sempre, isso se manifestou como uma barreira para um bom convívio social e o fazia sofrer com os constantes ataques de bullying. Após o drama do dia a dia, Arthur ainda tinha a incumbência de cuidar da mãe (Frances Conroy) doente e não poupava carinho e cuidado para com ela.

Coringa não faz apologia à violência, mas, a forma como é conduzida a narrativa, é capaz de provocar no espectador um sentimento que legitima as ações insanas de Arthur; um homem com distúrbios psíquicos que carregava no próprio corpo as marcas da intolerância, do desrespeito e da falta de amor ao próximo. A atuação perfeita de Joaquin Phoenix, em conjunto com um roteiro bem trabalhado, garantiu uma forte  criação de empatia. Os primeiros planos e as cores predominantemente escuras foram fundamentais para adentrar nas emoções de Arthur, sentir suas angústias e ser solidário às suas dores.  O longa, em paralelo, levanta uma crítica ao sistema político local que, arbitrariamente, corta as verbas para serviços sociais. Consequentemente, esta ação é o que contribui para a transformação de Arthur em Coringa.
A infância é um dos momentos mais importantes e delicados da vida, pois é a partir das experiências vividas nela que se determina a personalidade do adulto. Com essa ideia de que o mundo está polarizado entre o bem e o mal, a figura do vilão é constantemente desumanizada sendo desconsideradas as experiências passadas. No entanto, Coringa traz o lado sensível da história. Embora as ações de Arthur sejam moralmente inaceitáveis, é possível compreendê-las e, em vez de se formar um sentimento de ódio pelo personagem, nasce uma grande empatia pelo vilão. Com uma forte análise psicológica e com uma crítica interessante ao sistema, é um filme que precisa ser assistido e, sem dúvidas, é um dos melhores filmes do ano.

Direção: Todd Phillips


quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Crítica: Coringa

Insano, surpreende e atual

Coringa tem tudo o que um filme precisa


Dirigido por Todd Philips e estrelado pelo brilhante Joaquin Phoenix, o longa-metragem  se destaca por não ter nenhuma das características dos filmes de herói atuais. Nada de CGI (efeitos especiais), roteiro previsível, cores vivas ou até mesmo o logo da DC no início. O filme, que acompanha o vilão mais famoso do mundo, trilha por outro caminho ao acompanhar a trajetória do comediante fracassado Arthur Flex (Joaquin Phoenix), excluído socialmente por apresentar problemas psicológicos desde a infância, até ele se tornar Coringa, o maior inimigo do Batman.
Falando em Batman, o filme não poupa referências ao Homem Morcego e, do começo ao fim, toda a família Wayne, incluindo o próprio Bruce Wayne criança interpretado por Dante Pereira, é peça chave que ajuda a transformar o Coringa no que ele é. A formação da personalidade do vilão também conta com a influência do apresentador de TV Murray Franklin (Roberto de Niro), dono de um programa de auditório de maior sucesso de Gotham City com grande influência na opinião dos espectadores e, consequentemente, nos eventos que acontecem na cidade. 
É perceptível, ao longo do filme, a forma como Coringa reage aos fatos negativos que acontecem em sua vida pessoal somada à insatisfação provocada por questões sociais como o desemprego e a desigualdade social. Tudo isso graças ao excelente roteiro de Todd Phillips, acompanhado de Scott Silver, e à brilhante atuação de Joaquin Phoenix. O ator põe no personagem uma carga emocional tão grande que facilmente desperta a empatia no espectador provocando uma forte sensação de angústia.
Sophie Dumond, interpretada por Zazie Beetz, mais conhecida pela série Atlanta, é uma personagem que também merece destaque pela ótima atuação e, principalmente, pela forma como reage às “loucuras” de Coringa. Atitudes bastante previsíveis para quem não entende e se pergunta “como alguém poderia ser tão louco assim?” Mas, não é só de loucuras vive o Coringa de Joaquin Phoenix. As alternâncias de cores mostram as mudanças de emoções de maneira perfeita. Em momentos felizes, há o predomínio de cores quentes. Já nos momentos de sanidade e desespero, as cores escuras tomam conta.
As questões de pobreza, de cortes de verbas em programas sociais e promessas políticas vazias, dão base para tudo que o filme constrói ao longo de suas duas horas de duração e faz deste o Coringa mais atual e realista já feito. Os meios necessários para mudar o sistema podem e devem ser questionados, afinal, a forma como o Coringa lida com as adversidades não deve ser usado como exemplo, como teme as autoridades policiais nos EUA. Mas, todo este cenário de caos, violência gratuita e de mortes assustadoras traz uma ambientação única ao espectador. Todos os aspectos do filme é bem cuidados e trata de questões que estão muito em pauta neste ano como desigualdade social, má distribuição de renda, fome, cortes em políticas assistenciais e um apoio forte e exacerbado a política da autodefesa com um armamento em casa.
Coringa tem potencial de iniciar uma nova fase nos filmes de herói aproveitando um lado mais realista e menos utópico. E não apenas isso: ele deixa qualquer um arrepiado principalmente nas cenas das mortes de personagens muito importantes que acontece em momento muito inesperados. Por ser algo de surpresa, ele choca, causa impacto e alguns podem até ficar sem ar ainda mais nos 20 minutos finais. Tudo isso é feito com um roteiro bem amarrado mas que deixa pontas soltas para uma já confirmada sequência.


sexta-feira, 30 de agosto de 2019

Crítica: O Homem Ideal?

Uma comédia apática

Divulgação
Longa aposta em humor com base na ridicularização do personagem
Dirigido e roteirizado por Carles Alberola, O Homem Ideal? gira em torno de um encontro às cegas que Jaume (Alfred Picó) e Raquel (Cristina García), casal supostamente perfeito, arranja para Ruben (Carles Alberola), um amigo de longa data. Com a chegada de Pilar (Rebeca Valls), a escolhida para fisgar o coração do solteirão, as coisas se modificam bastante e se instala no ar um clima de tensão. 
Solteiro e divorciado há dois anos, Rubens é um escritor e professor universitário de meia idade ansioso que não se considera talentoso o suficiente para ter uma carreira de sucesso, tampouco para arrumar uma namorada. Ele vê o relacionamento de seus amigos como perfeito, mas logo no começo da trama, Jaume vai confessar algumas verdades que desmascaram essa aparência de perfeição. 
Divulgação
Pilar é irmã de Raquel, mas uma é o oposto da outra. Raquel é uma quarentona que oscila entre seu amor por Jaume e Ruben. Ela se acha velha demais e é insegura com relação à sua aparência. Já Pilar, é uma jovem de 28 anos que apesar de ser muito bonita e sensual, apresenta um quadro de depressão. Em um primeiro momento a moça é retratada como fútil, mas após um tempo, percebe-se que é bastante inteligente.
O ápice do longa-metragem é o tom humorístico em torno da ridicularização de Ruben, que constantemente ironiza a si mesmo, suas inseguranças e suas crises existenciais. Com algumas pitadas de humor vindas de Ruben, o filme não chega a ser tão engraçado, além de não despertar no público nenhuma emoção.  É um filme apático, com aparência de peça gravada, que acontece, basicamente, na casa de Ruben, alternando-se entre as salas de estar e de jantar. E muitas vezes é filmado próximo ao rosto dos personagens, utilizando recursos de foque e desfoque dos fundos ou personagens, o que enfatiza as expressões deles. 
Com apenas quatro personagens, que têm características diferentes, mas que os conectam entre si, O Homem Ideal? trata de transtornos psicológicos, lealdade e infidelidade, amizade e amor. Apesar de divertido em alguns pontos e reflexivo em outros, não há grandes elementos que prendam o espectador. 

Direção: Carles Alberola


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Crítica: Voando Alto



Uma Andorinha só não faz verão


Animação aborda o desafio de se viver com as diferenças e reforça a importância da união

Voando Alto evidencia, desde o início, a grande rivalidade existente entre Gaivotas e Andorinhas. As duas espécies vivem à beira da praia, mas cada uma em um lado diferente da rocha. O pequeno Manou, um filhote de andorinha, é adotado por um casal de gaivotas e cresce acreditando ser um deles. Apesar de ser muito amado pela família adotiva, ele tinha dificuldades para ser aceito do jeito que realmente é. O passarinho vivia um dilema diário: voar, nadar, pescar e comer como uma gaivota sem obter muito sucesso.

A situação desanda quando Manou não consegue lutar contra os ratos, perde os ovos do ninho e é expulso da comunidade. Ele conhece Parcival, uma ave esquisita que se deduz que seja um Peru (o filme não deixa claro), e o trio de andorinhas formado por Yusuf, Poncho e a sábia Kalifa, que lidera o grupo. A partir desta união, participam de muitas aventuras e Manou consegue dar a volta por cima e mostrar o seu grande valor como um verdadeiro herói.
Uma importante reflexão é posta em pauta: o desafio de conviver com as diferenças. A animação traz espécies diferentes, cada uma com suas particularidades e mostra o quanto é difícil aceitar o outro como ele realmente é. Mas, acima de tudo, nos mostra também que quando há respeito e amor ao próximo, tudo fica mais fácil. Pode soar meio clichê, mas Voando Alto tem a dizer que a união faz a força e que aquela história de que uma andorinha só não faz verão é bem verdadeira.
Apesar de previsível e de algumas falhas com cortes abruptos, a animação não é um fracasso. É agradável e consegue cumprir bem o objetivo de entreter os pequenos.



Direção: Christian Haas e Andrea Block


quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Crítica: No Coração do Mundo


Nem heróis, nem vilões: apenas seres humanos

Sem reforçar estereótipos, longa aposta numa visão humanista


Muitas construções familiares brasileiras, principalmente nas áreas periféricas, estão longe de ser um comercial da margarina. O abandono paterno não é estranho e, simultaneamente, a figura da mulher que dá duro para sustentar a sua família é muito comum. Na verdade essas guerreiras, que muitos enaltecem, são mulheres cansadas e sobrecarregadas. O drama dirigido por Gabriel Martins e Maurício Martins ilustra de forma bastante realista este cenário.
Na periferia de Contagem, Minas Gerais, Marcos (Leo Pyrata) mora com a mãe e com a irmã mais nova. Enquanto as duas trabalham e sustentam a casa, o rapaz vive dos pequenos delitos que comete. No entanto, sua amiga Selma (Grace Passô) surge com uma proposta bastante tentadora de um assalto que pode mudar suas vidas para sempre. Mas, para dar certo precisaria da ajuda de Ana (Kelly Crifer), namorada de Marcos, que vive uma vida honesta.
No Coração do Mundo não é nada previsível e é conduzido por momentos de suspense. A ambientação é real e os diálogos entre os personagens fluem de forma bastante natural. Com a predominância de primeiros planos, é possível criar uma relação de empatia com cada personagem. O elenco teve uma excelente atuação e contou com a presença de Mc Carol que, de forma autêntica, deixa registrada sua primeira atuação nas telonas.
O drama tem um caráter bastante naturalista e traz os problemas dos personagens de forma nua e crua. Em No Coração do Mundo não existe mocinho ou vilão, mas sim seres humanos que cometem erros, regeneram-se ou até mesmo tropeçam e se desviam do caminho íntegro por onde costumavam andar. O que os personagens têm em comum é ambição por um futuro melhor sem passar por apertos. Cada um à sua maneira busca o que é melhor para si. Não há a intenção de levantar julgamentos, tampouco de fazer apologia à criminalidade. Cada escolha que se faz vem acompanhada pelas consequências, que na vida do crime não são as melhores.
No Coração do Mundo é um grande acerto do cinema nacional. Com um caráter humanista, o longa-metragem não reforça estereótipos. É um filme excelente não só pelo modo como foi construído, mas pela forte reflexão que carrega.

Direção: Gabriel Martins e Maurício Martins


segunda-feira, 1 de julho de 2019

Homem-Aranha: Longe de casa é a grande estreia da semana


Vocês estão ansiosos para a volta do nosso simpático amigo da vizinhança? A espera está acabando! Na próxima quinta-feira, dia 04 de julho, chega aos cinemas Homem-Aranha: Longe de Casa, dirigido por Jon Watts e roteirizado por Chris McKenna e Erik Sommers.

Depois dos eventos de Vingadores: Ultimato, o herói precisa se mostrar capaz de enfrentar novas ameaças em um mundo que mudou para sempre. O longa expande o universo do Homem-Aranha, quando tira Peter Parker (Tom Holland) da sua zona de conforto e da sua casa no Queens e o envia para a Europa durante o que, supostamente, seria uma viagem de férias escolares. O que ele não imagina é que essa viagem se tornará o seu maior desafio e a mais épica de todas as suas aventuras.

Confira o trailer:




“JUMANJI: PRÓXIMA FASE” LANÇA PRIMEIRO TRAILER

O Filme chega aos cinemas do Brasil em janeiro de 2020 

A Sony Pictures acaba de divulgar o primeiro trailer de Jumanji: Próxima Fase. Jake Kasdan volta à direção para contar um novo capítulo desta aventura. O longa é baseado no livro “Jumanji”escrito por Chris Van Allsburg. O roteiro é de Jake Kasdan, Jeff Pinkner e Scott Rosenberg. O elenco é composto por Dwayne Johnson, Jack Black, Kevin Hart, Karen Gillan e Nick Jonas. O filme chega aos cinemas do Brasil dia 02 de janeiro de 2020.

Sinopse: Em Jumanji: Próxima Fase, a turma está de volta mas o jogo mudou. Enquanto retornam à Jumanji para resgatar um de seus amigos, eles descobrem que nada é como eles esperavam que seria. Os jogadores devem desbravar áreas desconhecidas e inexploradas, desde o árido deserto até as montanhas nevadas, para poderem escapar do jogo mais perigoso do mundo.

Confira o trailer:



Fonte: Primeiro Plano

sábado, 29 de junho de 2019

Crítica: Homem-Aranha: Longe de casa

Nostálgico, divertido e surpreendente

Novo filme do Homem-Aranha é um presente para os fãs da Marvel


Zero defeitos! Nota mil! É isso que Homem-Aranha: Longe de casa merece. O filme provoca no espectador todas as sensações que deseja no momento certo. Prova de que o diretor Jon Watts e os roteiristas Chris McKenna e Erik Sommers souberam trabalhar de forma excepcional o universo do herói, entregando uma trama com clima de comédia adolescente, sem deixar de abordar a responsabilidade que o personagem principal carrega por possuir uma identidade secreta, e como ela pode afetar as pessoas ao seu redor.

A história gira em torno de uma viagem de duas semanas que Peter Parker (Tom Holland) faz com seus amigos da escola. Nesse período, Peter decide tirar férias de suas obrigações como super herói, mas recebe a visita inesperada de Nick Fury (Samuel L. Jackson), que precisa de ajuda para enfrentar monstros chamados Elementais. Fury convoca o Homem-Aranha para lutar ao lado de Mysterio (Jake Gyllenhaal), um novo herói vindo de uma Terra paralela. Além dessa grande e nova ameaça, Peter precisa lidar também com a perda de Tony Stark (Robert Downey Jr.), que deixa de presente para o jovem seu óculos pessoal, que dá acesso a um sistema de inteligência artificial associado à Stark Industries.


Por ser uma sequência dos eventos de Vingadores: Ultimato, ao longo de todo o filme é possível encontrar referências (nostálgicas e divertidas) feitas, não apenas a Tony Stark, mas também aos outros Vingadores. Contudo, essa conexão entre as duas grandiosas sagas não tem o objetivo de fundir as histórias. Isso fica bem claro no reforço feito a todo instante de que, apesar de ser um super herói, por trás da máscara existe apenas um adolescente que quer aproveitar com os amigos e impressionar a garota que ele gosta, MJ (Zendaya). Tudo isso nos mais lindos cartões postais da Europa e com uma trilha sonora bem eclética, que vai de Whitney Houston a Led Zeppelin.

A escolha do elenco é para ninguém colocar defeito. Tanto os personagens principais quanto os secundários dão um show de atuação e auxiliam na missão de manter o espectador interessado na história. No entanto, o troféu de melhor atuação vai para o próprio Tom Holland, que desempenha perfeitamente as diversas facetas de Peter: a timidez perto de MJ, a amizade com Ned (Jacob Batalon), a relação familiar e o ciúme de tia May (Marisa Tomei), os momentos de dor e superação e as excelentes cenas de ação do protagonista. Jake Gyllenhaal também merece destaque no papel de Mysterio, ao atribuir credibilidade às particularidades do personagem, que são reveladas no desenrolar da trama.

“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”, já dizia o Ben Parker da primeira leva de filmes do Homem-Aranha, e não é fácil para um adolescente administrar tudo isso. Homem-Aranha: Longe de casa mostra de uma forma muito leve a transição entre inocência e amadurecimento. Além disso, passa uma mensagem muito bonita sobre responsabilidade e coragem. O longa, sem dúvida, é um dos maiores tesouros da Marvel e, felizmente, deixa várias possibilidades para uma continuação. Enquanto isso, torcemos por novas aventuras nos próximos anos.

Direção: Jon Watts

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Crítica: Annabelle 3: De Volta Para Casa


Um terror mais divertido, mas nem por isso fraco



Novo filme da franquia Invocação do Mal tem uma pegada mais leve do que os anteriores


Uma coisa é certa: a maior parte dos filmes da franquia Invocação do Mal é conhecida pela narrativa bem construída, capaz de entreter o espectador do início ao fim, aliada a uma boa dose de sustos.  As exceções ficam por conta dos longas A Freira e A Maldição da Chorona, consideravelmente fracos em comparação ao restante da franquia. Com o sucesso de Annabelle, o filme Annabelle 3: De Volta Para Casa veio marcado por altas expectativas, tendo sido uma das estreias de terror mais esperadas de 2019.
Mas se você está esperando por grandes sustos, muitos momentos de tensão e uma presença mais evidente do queridinho casal Ed (Patrick Wilson) e Lorraine Warren (Vera Farmiga), pode se desapontar um pouco. A história tem como foco principal a filha dos dois, Judy Warren (McKenna Grace), que é deixada aos cuidados de sua babá Mary Ellen (Madison Iseman) enquanto os pais viajam. As coisas saem do controle quando Daniela (Katie Sarife), amiga de Mary Ellen, resolve bisbilhotar a Sala dos Artefatos dos Warren e acaba libertando Annabelle. Consequentemente, todos os outros espíritos presentes na sala também foram libertados, devido ao fato de a boneca ser uma espécie de condutora para essas entidades. 


No quesito terror, o filme começa de forma leve, com praticamente nenhum susto, e foca em mostrar como a infância de Judy tem sido afetada pelo fato de seus pais serem demonologistas. Ela tem poucos amigos na escola, sofre bullying e ainda tem que lidar com sua mediunidade, característica herdada de sua mãe. O diretor e roteirista Gary Dauberman vai desenvolvendo o suspense aos poucos, deixando os sustos e as partes mais sombrias para a metade do filme em diante.
A história se passa em apenas uma única noite, e a Sala dos Artefatos assume o protagonismo do longa, sendo explorada de maneira bastante inteligente e nada cansativa. O espectador, sem dúvidas, ficará curioso para descobrir os diversos objetos mantidos na assustadora sala, curiosidade essa que vai sendo construída com muito cuidado e até inteligência, em cima dos mecanismos presentes no ambiente. Vários espíritos são apresentados ao longo do filme, mas, infelizmente, a grande maioria de maneira muito superficial. Como em todo filme de terror, os clichês existem, claro, mas de forma moderada, sem influenciar na qualidade do enredo de maneira muito significativa. 


O destaque fica para a atuação de McKenna Grace, que rouba a cena ao retratar uma Judy forte e corajosa, até mais do que suas parceiras. A sabedoria e as habilidades de Judy, claramente adquiridas pelo fato de ter crescido em meio a um ambiente rodeado pelo sobrenatural, também chamam atenção, sendo bastante necessárias para o desfecho do filme.
As cenas em que Ed e Lorraine aparecem não deixam a desejar. Muito pelo contrário! O diálogo que Lorraine tem com Daniela ao final do filme é bastante emocionante e traz uma mensagem muito bonita. É inevitável não ficar com um sorrisinho no rosto nas cenas em que o casal aparece, principalmente quando é retratado todo o carinho e amor que eles têm pela filha.
Annabelle 3: De Volta Para Casa pode ser um filme mais leve e divertido do que os anteriores, mas ainda assim consegue prender a atenção do espectador e construir um terror mais sutil, de forma bastante satisfatória.  Ao final do filme, como de costume, aparece uma fotografia da verdadeira família Warren, só que desta vez seguida de um texto em memória a Lorraine, falecida em abril deste ano.

Direção: Gary Dauberman

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Crítica: Turma da Mônica - Laços

Um misto entre nostalgia e fofura




A turminha mais querida dos quadrinhos, criada pelo cartunista Maurício de Sousa, chega às telonas em carne e osso! O live-action, dirigido por Daniel Rezende, baseia-se na obra dos irmãos Vitor e Lu Caffaggi, com o mesmo nome, lançada no ano de 2013. Turma da Mônica - Laços encanta não só os fãs nostálgicos do gibi, mas também a criançada de hoje. É um filme que traça uma linha tênue entre gerações.
Cebolinha (Kevin Vechiatto) elabora mais um de seus planos, com o apoio do amigo Cascão (Gabriel Moreira), para roubar o coelhinho Sansão de Mônica (Giulia Benite). O plano não dá certo, pra variar, e as coisas pioram com o sumiço de Floquinho, cachorrinho do Cebolinha. A turminha, composta por MônicaMagali (Laura Rauseo)Cebolinha e Cascão, decide encontrar o cãozinho custe a que custar, e embarca numa perigosa aventura pela floresta.


Com uma linda fotografia, que alia um belo cenário a cores vibrantes, Turma da Mônica: Laços entrega ao público aquilo que se espera. Isso sem falar do figurino e do penteado – com destaque à Dona Luísa (Mônica Iozzi) –, que ficaram exatamente iguais. A trilha sonora Laços composta e cantada por Tiago Iorc dá aquele toque especial e emociona ao enfatizar a importância da união: “Cada suspiro é gratidão de ver entrelaçar as mãos que juntas podem muito mais...”, diz um trecho.

Sair dos quadrinhos e ir para as telas dos cinemas não deve ser uma tarefa tão fácil. Afinal, quem nunca imaginou como seriam os personagens dos gibis se eles fossem reais? A escolha do elenco mirim foi um grande acerto, um dos mais importantes, diga-se de passagem. Às crianças foi dada a responsabilidade de dar vida aos personagens que acompanharam diversas gerações e elas desempenharam a tarefa com total perfeição. Além de Mônica Iozzi e Paulo Vilhena (Seu Cebola), que compõem o elenco, o grande Rodrigo Santoro (Louco) teve uma excelente participação especial.

Turma da Mônica: Laços consegue cumprir bem o seu objetivo sem frustrar os fãs dos quadrinhos. Dentre as reflexões importantes que o live-action traz, está a crítica ao consumo de produtos que contêm na composição o sacrifício dos animais. É um filme lindo, colorido, fiel e que agrada as diversas gerações. Quando o individualismo é deixado de lado, os laços de amizade se fortalecem e todos ganham.

Direção: Daniel Rezende















quarta-feira, 19 de junho de 2019

Crítica: Graças a Deus

Quebrando o silêncio


Um filme necessário para se pensar sobre a pedofilia

Quem tem a ousadia de erguer a voz para falar contra um homem “escolhido” por Deus? Por causa deste temor, muitos casos de pedofilia na igreja católica foram silenciados sem sofrer qualquer condenação da instituição. Com base na história real de Alexandre GuérinFrançois Debord e Emmanuel Thomassim, todos vítimas de abusos cometidos pelo padre Bernard Preynat, na França, o filme dirigido por François Ozon traz um assunto recorrente nos noticiários.
Alexandre (Melvil Poupaud), que foi uma das vítimas do padre, vive com a esposa e com os cinco filhos. Curiosamente, ele conseguiu manter suas crenças firmes mesmo depois do que aconteceu na sua infância. De repente, seu passado vem à tona quando ele descobre que seu abusador (Bernard Verley) continua trabalhando com crianças. A partir daí, ele resolve quebrar o silêncio em busca de justiça.
Sem delongas, Graças a Deus nos apresenta os acontecimentos, de forma objetiva, logo nos primeiros minutos de filme. Não há a preocupação em promover um clima de suspense, mas sim de puxar o espectador para dentro da história. Um dos recursos utilizados foi o da narração em primeira pessoa, feita pelo próprio Alexandre, que trouxe uma contextualização bastante fluida.
François (Denis Ménochet) e Emmanuel (Swann Arlaud) se uniram a Alexandre e os três denunciaram os abusos sofridos entre 1986 e 1991, quando eram crianças. A partir da história individual de cada um, foi possível observar as consequências geradas na vida destes homens que foram molestados na infância: doenças crônicas, queda na autoestima e dificuldade nos relacionamentos.

Alguns flashbacks foram trazidos como forma de ilustrar o que aconteceu no passado. Apesar de não terem sido explícitas as cenas de abuso, o próprio espectador é capaz de imaginar a ação. Nesse sentido, o sentimento que reina naquele momento é o de muita angústia. O predomínio de cores escuras é um recurso utilizado para refletir as emoções dos personagens, sobretudo, um misto entre tristeza, indignação e sede de justiça.
O drama real envolve várias questões muito importantes de se pensar a respeito. Atrelado a machismo, homens que já sofreram abusos preferem permanecer em silêncio, fingir que nada aconteceu por temer um suposto rótulo de vítima de pedofilia. Infelizmente, para alguns, assumir isso fere a masculinidade. Uma relação de troca de confiança familiar é de suma importância neste processo. Ações como silenciar a criança, desacreditá-la, fingir que nada aconteceu ou não ter uma postura diante do relato do abuso, gera consequências devastadoras que se refletirão na vida adulta.
Graças a Deus não é um filme com o objetivo de depreciar a fé em Deus ou abalar as estruturas do catolicismo, mas sim de trazer críticas a uma instituição que fez vista grossa diante dos crimes de pedofilia cometidos por seus padres. O longa-metragem, além de trazer importantes reflexões, é um encorajador para a quebra do silêncio, o que faz dele uma obra muito necessária.

Direção: François Ozon