sexta-feira, 7 de junho de 2019

Crítica: X-Men: Fênix Negra


X-Men: Fênix Negra mostra outro lado dos mutantes


 Último filme da saga inova com desconstrução e humanidade

 X-Men: Fênix Negra é tudo o que não esperávamos de uma despedida, se comparado às  outras produções da série. O diretor e roteirista Simon Kinberg, que foi produtor de Logan e de X-Men: Primeira Classe, apostou em um viés diferente do que estamos acostumados a ver nos filmes de herói, ao evidenciar o lado humano dos personagens através de questionamentos sobre padrões morais. Além disso, soube aproveitar muito bem o momento Girl Power do cinema atual e abusou do empoderamento feminino das personagens, contrariando aqueles que dizem que os filmes contam sempre a mesma história e que não tinham grandes expectativas. 
 O longa-metragem é baseado na história de Jean Grey (Sophie Turner) que durante uma missão de resgate no espaço com risco de morte, é atingida por uma força cósmica que a transforma em um dos mais poderosos mutantes existentes: a Fênix Negra. Lutando com esse poder cada vez mais instável, e também com suas próprias questões, Jean fica fora de controle, dividindo a família X-Men e ameaçando destruir a própria estrutura do nosso planeta.
 Apesar de ser um filme de super-heróis e várias cenas de ação ocuparem as telas, não foram esses os momentos que mereceram destaque. Em primeiro lugar, por não serem cenas tão eletrizantes. As únicas cenas de ação capazes de realmente prender a atenção e provocar certa aflição aparecem nos primeiros momentos do filme, em que retratam uma operação de resgate espacial realizado pelos X-Men. A montagem de imagens alternadas, em alguns momentos em câmera lenta, entre o foguete que se desintegrava no espaço e o interior do Jato X, são extremamente impactantes. As da luta final são tão mais do mesmo que não provocam tanta emoção.
 Por outro lado, a humanidade, as questões psicológicas e as transformações de caráter foram os pontos altos da trama, ao afastarem a ideia de seres com superpoderes que apenas lutam em prol de um bem maior - os outros - e esquecendo de si. Ver os mutantes confrontando Charles Xavier (James McAvoy), até então detentor de todo o conhecimento, e duvidando de suas intenções, nos mostra que nem todas as atitudes tomadas são apenas por bondade. Além disso, as cenas sobre o passado de Jean Grey e tudo o que ele traz à tona nos remete e nos aproxima de diversos transtornos psicológicos que jovens e adultos enfrentam atualmente.
 James McAvoy, como sempre impecável no papel do professor Xavier, merece todas as notas 10 possíveis. Sua entrega, força e fragilidade nos momentos necessários nunca decepcionam. Jennifer Lawrence como a Mística foi um dos maiores acertos dessa nova fase da série, iniciada em 2011. Transmite o que cada cena pede com maestria. Definitivamente, é uma atriz completa. Já a protagonista, Sophie Turner, não superou as expectativas que, inconscientemente, foram postas nela. Depois da empolgante reviravolta de sua personagem Sansa Stark em Game of Thrones, faltou tempo para que a atriz mostrasse do que é capaz com o fim da série. Como personagem principal de um filme dessa magnitude e com tanto poder nas mãos, era de se esperar que fizesse mais. 
X-Men: Fênix Negra é, sem dúvida, o filme mais intenso e emocional da saga. É o culminar de 20 anos de filmes X-Men, onde a família de mutantes que conhecemos há tantos anos enfrenta o seu mais devastador inimigo com talento. De presente, recebemos personagens bem gente como a gente, passando melhor do que nunca a mensagem de que não são os inimigos. Concorre ao posto de um dos melhores filmes da saga, mas eu sou suspeita pra falar.

Direção: Simon Kinberg

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