quinta-feira, 30 de maio de 2019

Crítica: Rocketman

Cinebiografia reflete da forma verossímil a vida de Elton Jhon

Uma tour pelas angústias, pelo sucesso e pelas carências do cantor

O ilustre Elton John é muito conhecido por suas belas canções e também por sua caracterização extravagante no início da carreira. Porém, sua vida particular sempre foi um mistério. RocketMan é uma cinebiografia que revela, de forma detalhada, as glórias e os dramas vividos pelo astro. O filme começa com o cantor desistindo de fazer um show. Com sapato alto, adorno na cabeça e roupas bem coloridas, ele participa de uma reunião de grupo. E esse é o ponto forte para adentrarmos na vida do músico, pois a narrativa de sua história começa a partir das experiências trocadas numa clínica de reabilitação.
Na infância, quando ainda atendia pelo nome Reginald Dwight, era um menino tímido que aprendeu a tocar piano para impressionar o pai (Steven Mackintosh) e acabou se tornando prodígio. John viveu um relacionamento familiar bastante conturbado, o que lhe causou profundos traumas e comprometeu sua vida adulta.  Seus problemas com o uso de drogas, remédios controlados e depressão foram trazidos de forma explícita e tão bem trabalhada que nos traz a seguinte compreensão: a raiz de todos esses males era a carência de amor.  As apresentações mais espalhafatosas mascaravam os problemas e todo aquele colorido era mais um objeto de defesa própria que de entretenimento para o público. 

Sem fugir das polêmicas, o longa-metragem não deixa de mostrar que tamanha rejeição paterna era proveniente da homofobia. A sexualidade do músico foi bem explorada e a cena de sexo muito bem trabalhada. John viveu um romance com Reid (Richard Madden), que se tornou seu empresário. Mas, como a arte imita a vida, o “vilão” não poderia faltar. O jovem tira proveito da instabilidade emocional do cantor para conseguir o que quer.

Taron Edgerton tem uma atuação impecável! O ator consegue  reproduzir cada gesto do astro, desde o modo de andar até o jeito de sorrir, da forma mais perfeita. Além da linda voz cantando as músicas, Edgerton se entrega, dá vida ao Elton John com muita excelência e é capaz de transmitir as variadas emoções do personagem das mais cômicas às mais dramáticas.  
Jamie Bell, que interpreta o melhor amigo  do cantor, Bernie Taupin  também merece destaque pela bela atuação. Os dois tinham um laço de amizade bonito e forte e, através de olhares tão expressivos, era possível notar a relação de cumplicidade e de companheirismo entre a dupla. Talvez, este tenha sido o amor mais sincero que John tenha experimentado na vida.

Dexter Fletcher, diretor desta grande obra, usou os sucessos de Elton John para trazer um enredo bem criativo que, por instantes, traz a idéia de um musical. Houve um misto perfeito entre fantasia e realidade ao retratar as alucinações vividas pelo cantor, como por exemplo, a cena em que ele flutua tocando o piano e o público vai junto. O responsável pelo figurino é  Julian Day, que deu um show a parte. Os looks além de inspirados nos que o cantor usava, representavam a transição para o estrelato. Quanto mais rico ficava, mais extravagante eram as roupas.
RocketMan  é uma obra interessante e capaz de prender o espectador do início ao fim e  deixa todos em êxtase, sem se restringir aos fãs de Elton John. A cinebiografia, além trazer os grandes sucessos do cantor, também traz uma carga humanitária muito forte. Pois, enxergamos com clareza que aquele homem cheio de questões era apenas reflexo daquele menino que cresceu distante da compreensão e do afeto.

Direção: Dexter Fletcher



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