sábado, 17 de novembro de 2018

Crítica: O Segredo de Davi

Mais um suspense pra fugir da caixinha

Divulgação

Longa narra o crescimento de um serial killer

Suspense ainda não é um gênero de filme muito explorado no Brasil, que domina o espaço das telonas com suas comédias. Apesar disso, o cinema brasileiro tem buscado se diversificar e O Segredo de Davi é o exemplo perfeito de mais uma trama que foge do humor e trabalha em cima de um análise psicológica. O filme conta a história de Davi (Nicolas Prattes), um tímido estudante de cinema que esconde um passado sombrio, mas toda escuridão vem à tona quando ele visita sua vizinha Maria (Neusa Faro) e revela a ela sua verdadeira face de assassino.
A mente de Davi faz jus a de um perfeito serial killer: confusa, sombria e misteriosa. Todo o mistério em torno da vida do personagem é um dos grandes coringas nas mãos do diretor e roteirista Diego Freitas. O roteiro foi construído de um modo que prende o espectador. Os acontecimentos não são previsíveis e isso provoca um profundo interesse em descobrir como será o desenrolar dos fatos. No momento em que se acredita que as mortes dão sinais esclarecimentos claros, deparamo-nos com a mais perfeita suspense, o que torna O Segredo de Davi bastante instigante.
Para carregar um enredo tão denso, foi escalado Nicolas Prattes, conhecido por suas participações nas telenovelas. No entanto, de início ele teve uma atuação caricata e exagerada. E isso foi bastante notório na cena em que ele teve o primeiro diálogo com Jonathan (André Hendges), um estudante de mestrado que tem aulas complementares com Davi.
Sentados em um banco dentro da universidade, eles iniciam um diálogo que indica um pouco o que deve ser a relação entre os dois. Mas, o olhar de Davi parece gritar “sou um serial killer com cara de bonzinho”, o que soa estranho. Além de forçadas, as falas, entre ambos, pareciam piadas fora do contexto do filme.  Não houve muita sintonia entre Davi e Jonathan. Contudo, quando o protagonista estava diante de outros personagens ou até mesmo sozinho, nota-se um melhor desempenho na atuação com um diálogo mais natural, como deve ser.
A fotografia é interessante por mostrar vários pontos de São Paulo. A cidade de concreto é enaltecida em vários pontos tanto de noite quanto de dia, ajudando a contextualizar a história. Além disso, é clara a diferença de tons quando é mostrado o passado de Davi, pois há um predomínio de cores quentes e quando se trata do presente, as cores são sóbrias e frias.  Essa dualidade de cenários traz alguns sentimentos interessantes: um passado de paz e harmonia e um presente de dor e tortura.
Mesmo com alguns pontos falhos, O Segredo de Davi tem o seu valor e é digno de nota. É um filme eletrizante que não causa cansaço, apesar das quase 2h de duração, prende o público e provoca longos momentos de reflexão após o fim. Além disso, ele é um ganho para o cinema brasileiro e pode ser mais um pontapé  de incentivo para a exploração do gênero da suspense.

Divulgação



Direção: Diego Freitas

Nenhum comentário:

Postar um comentário