quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Crítica: Duna

 Um filme perfeito para se despir das expectativas

Apesar do grande apelo, Duna não entrega o que o espectador espera


Se você é fã de ficção científica, com certeza se sentiu seduzido pelas imagens de divulgação e pelo trailer de Duna, a segunda adaptação cinematográfica do clássico literário de Frank Herbert, publicado em 1965. Dirigido e co-roteirizado por Denis Villeneuve, o longa conta com um time de atores fantásticos, uma fotografia impecável, uma história interessantíssima e, mesmo com todo esse combo, deixa a desejar.

O filme conta a história de Paul Atreides (Timothée Chalamet), o jovem herdeiro do clã Atreides. A vida do personagem gira em torno de uma profecia e, durante toda a trama, Paul tem visões sobre um futuro que ainda não compreende e que é desenrolado ao longo da produção. Quando os Atreides passam a administrar o planeta Arrakis, a família rival Harkonnens reúne um exército para acabar com os planos dos novos responsáveis e tirá-los da vantagem política e econômica.

O desenrolar da história acontece de forma bem lenta. A busca de Denis Villeneuve pela fidelidade às páginas do livro torna a experiência cinematográfica de 2 horas e 35 minutos arrastada e até um pouco cansativa. Isso acontece porque, inicialmente, não fica claro para o espectador que a história será abordada por partes. Logo nos primeiros minutos, somos surpreendidos pelo título “Duna: Parte Um” na telona. Assim, essa primeira parte funciona como uma introdução do que acontecerá nas próximas produções. Então, já fica aí o aviso: se você estiver ansiando pelas cenas de ação, vai precisar esperar pelo menos 1h30 para conferi-las.

Outro fator que gera muita expectativa e pode acabar decepcionando o público é a reunião de tantas estrelas de Hollywood em uma produção cinematográfica como essa. Cá entre nós, um elenco composto por Zendaya (Chani), Jason Momoa (Duncan Idaho), Oscar Isaac (Duque Leto Atreides), Rebecca Ferguson (Lady Jessica), o próprio Timothée Chalamet (Paul Atreides) e tantos outros atores geniais é de acelerar o coração de qualquer um. No entanto, por conta do ritmo lento do filme, seus talentos acabam sendo pouco explorados, principalmente o da nossa estrela máxima Zendaya. Por outro lado, Timothée Chalamet dá um show de interpretação, passando com maestria as inseguranças e a grandeza do personagem nos diferentes momentos da vida.

E o que falar daquele deserto gigantesco e impecável que vemos nas imagens? Com certeza é o ponto alto do filme. Greig Fraser entregou uma fotografia grandiosa, Patrice Vermette arrasou no desenho de produção e Hans Zimmer selou com uma trilha sonora que se encaixa perfeitamente no universo retratado. Uma qualidade técnica que prova o quanto Villeneuve é bom no que faz.

Saber que Duna provavelmente terá uma sequência e que há toda uma história a ser contada faz com que valha a pena assistir ao filme com total atenção. Qualquer detalhe perdido pode prejudicar o entendimento do que virá. Por isso, minha dica para os mais afobados é: exerça um pouco da paciência e assista ao longa sem pressa e sem expectativas. Vale a pena. E as próximas partes farão valer ainda mais!

Direção: Denis Villeneuve



Nenhum comentário:

Postar um comentário