quarta-feira, 24 de abril de 2019

Crítica: Atentado ao Hotel Taj Mahal


Uma fantástica reprodução da realidade


 Filme revive terrível atentado de 26 de novembro de 2008


Baseado em um dos maiores ataques terroristas da história, Atentado ao Hotel Taj Mahal é a reconstrução de parte do que aconteceu em Mumbai, na Índia, no ano de 2008. Dirigido por Anthony Maras, o longa-metragem se debruça sobre a história de Arjun (Dev Patel), garçom do hotel de luxo, que através de um gesto heróico, arrisca a própria vida na tentativa de salvar a dos hóspedes.
Pra quem é mega sensível, já deixo o aviso: Conteúdo com cenas extremamente fortes! Tudo porque o filme nos permite entrar no embalo e, de simples espectadores, assumimos a posição de testemunhas oculares do sangrento ato terrorista. Atentado ao Hotel Taj Mahal, nos primeiros minutos de filme mostra a que veio, sem mais delongas. Nesse sentido, o sentimento de tensão que se instala na fase inicial, dura até os penúltimos minutos de filme.
Ao apostar nos planos fechado e primeiro plano, estabeleceu-se uma grande proximidade entre espectador e personagem, o que nos permite adentrar as suas emoções. Da mesma maneira, a fascinante trilha de Volker Bertelmann nos conduz à sensação de aflição a todo o tempo, mas as cenas não são nada previsíveis.
A frieza no semblante dos terroristas é estarrecedora. O elenco, sem exceção, teve uma excelente atuação. Todos deram vida e emoção aos seus personagens, provocando forte empatia e tornando verdade a reprodução do terrível atentado histórico. A montagem das cenas foi tão perfeita que dificilmente se consegue distinguir as imagens de arquivos da ficção.
Barulhos de tiros e cenas de sangue conduzem a trama do início ao fim. No entanto, Maras não se esquece de levantar críticas relevantes em meio ao misto entre ação e drama. O fanatismo religioso é um forte aliado ao atentado terrorista, mas nem todo mundo que usa turbante e diz "Allahu Akbar (Deus é o maior)" é um homem-bomba potencialmente letal. A espetacularização da tragédia também foi um importante ponto abordado. A ânsia em transformar a catástrofe em objeto de entretenimento foi um desserviço prestado pela mídia local, uma vez que prejudicou o processo de fuga dos reféns. 
“Hóspedes são Deuses” é um ensinamento subserviente que acaba sendo levado à risca e mais adiante se transforma num gesto honroso e heróico. Os funcionários do Hotel abrem mão do próprio instinto de sobrevivência para proteger a vida dos hóspedes. Dentre os heróis que sobreviveram à terrível tragédia estão o renomado chef Hemant Oberoi (Anupam Kher) e o garçom Arjun (Dev Patel).
A reprodução do extermínio foi angustiante e excessiva, mas isso não tornou o filme cansativo, muito pelo contrário. Toda essa carga pesada foi necessária para que pudéssemos ter a sensação de que fomos mais um dos sobreviventes da terrível tragédia. Se Atentado ao Hotel Taj Mahal teve pontos negativos, passou despercebido. O longa é uma obra fascinante que cativa até os que não têm preferência pelo gênero. Num misto entre ação e uma forte carga dramática, o filme é uma fantástica reprodução da realidade.


Direção: Anthony Maras


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