sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Crítica: Fevereiros

Fevereiros explora  histórias por trás do Carnaval da Mangueira

                                                  
Divulgação: Primeiro Plano


Novo documentário de Marcio Debellian conta como Maria Bethânia virou samba da Mangueira no carnaval de 2016


Em Fevereiros acompanhamos a construção do enredo campeão de 2016 que trouxe a escola de samba de volta ao pódio do carnaval do Rio. O tema é a vida e, principalmente, a fé de Maria Bethânia, e além de sua presença, Caetano, Chico Buarque, Dona Canô e o carnavalesco, Leandro Vieira, narram suas experiências acerca do tema.
A religiosidade de Maria Bethânia é presença constante, assim como sua relação com o dia de Nossa Senhora da Purificação. Ela relata que, devotamente, passa o dia 2 de fevereiro  em Santo Amaro, sua terra natal, participando das celebrações à Santa. O registro dessa fatia de sua fé é o capítulo inicial do filme. 
Porém sua faceta católica não é a única a ser explorada por Debellian, já que o diretor dá bastante ênfase na fé das religiões de matriz africana, também praticadas pela cantora, fazendo uma ligação direta com a história do Carnaval. Esse link é feito de uma forma bastante musical, colorida e tocante. Remetendo a uma citação de Chico Buarque no filme: “sou ateu, mas se fosse escolher uma religião só pela beleza, seria a Umbanda”, e o diretor explora essa beleza de maneira emocionante.
Fevereiros foi feito muito "à brasileira", sempre buscando afirmar como nossa cultura é uma mistura rica de todos os povos que viveram aqui. Além de resgatar a fato de o Carnaval, maior festa nacional, ter suas origens pautadas nas tradições oriundas da camada negra e pobre da sociedade, deixando clara a importância de manter viva essa tradição.
Os depoimentos dão um toque especial. Podemos ouvir Dona Canô, Caetano e a própria Bethânia compartilhando as histórias da família. O processo de criação e construção do desfile da Mangueira são enriquecidos de forma única e pertinente com os comentários de Vieira
O aspecto técnico que se destaca é a escolha de quadros feita pelos diretores de fotografía Pedro von Krüger e Miguel Vassy. As tomadas são amplas e mostram o visual bucólico de Santo Amaro, mas também são por vezes tão fechadas que sentimos o tom íntimo das entrevistas. Isso permite ao espectador visualizar cada expressão do personagem ao contar sua história.
Mais do que uma simples narração sobre o maior espetáculo do país estrelado por uma de nossas grandes estrelas da música, Fevereiros é uma história sobre patrimônios nacionais. Um filme pra quem gosta de Bethânia, samba, Carnaval e, principalmente, pra quem tem admiração pelas cores e sons da cultura do Brasil.


 
Divulgação: Primeiro Plano




Direção: Marcio Debellian




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