É impossível falar do novo lançamento da Netflix sem mencionar os dois ícones de muito sucesso entre o público jovem: Gossip Girl e Pretty Little Liars. Ambas foram presentes das distribuidoras CW e Wanner Bros e se passaram como um furacão pelos adolescentes. As séries marcaram a cultura pop e até hoje são citadas quando o assunto é série teen.
You trouxe de volta às telas Shay Mitchell e Penn Badgley, duas estrelas que interpretaram papéis importantes nas obras queridinhas das adolescentes e que garantiu uma dose dupla de nostalgia. Além disso, a série traz elementos que existiam tanto em Gossip Girl quanto em Pretty Little Liars , porém de forma amadurecida. Nesse sentido, You não é uma série voltada para os adolescentes de hoje, mas sim para o atual público de jovens adultos que não querem assistir às mesmas coisas de quando tinham 14 anos.
Joe (Penn Badgley), que é o gerente de uma livraria, se apaixona pela aspirante a poetiza Beck (Elizabeth Lail). Ao longo dos 10 episódios de 40 minutos, pode-se acompanhar o que poderia ser uma fofa história de amor se transformar lentamente em um thriller, uma vez que a obsessão de Joe por Beck faz com que ele tire do caminho tudo o que se considera empecilhos.
A série, apesar de ser declaradamente um thriller, ela nos permite sentir um misto de emoções ao proporcionar momentos cômicos, irônicos, românticos e, ao se aproximar de sua conclusão, surge um drama denso que trata de questões sérias e duras como violência doméstica, suicídio, depressão e vício em drogas. As viradas de roteiro são muitas, mas, seja lá qual for a onda, You se sai muito bem.
Greg Berlanti e Sera Gamble, que desenvolveram o show, merecem destaque, pois abordaram temas contemporâneos e pertinentes para o público a que se destina. O personagem mais sensato é uma criança de 9 anos, essa parece ser a forma que o roteiro encontra de nos mostrar como os jovens adultos se perderam no meio desta convergência digital e da enxurrada de informação que chega até eles pelas redes sociais. O que também alimenta a fina ironia da narrativa.
Porém, nem tudo que se trata desta história é brilhantismo, as falhas se encontram em um roteiro cheio de estratégias. Os aspectos técnicos não chamam a atenção, exceto pela fotografia que por vezes cria um efeito tilt shift, benefício que isso traz não foi possível notar.
Quase toda a obra é narrada por Joe, referência direta à linguagem literária, subtema da trama. Este é o diferencial de You, já que o personagem possui um humor ácido e é muito carismático. Joe é um cara tão legal que você perdoa as atrocidades que ele faz em prol do que julga ser amor. Ao mesmo tempo em que empresta livros para que seu pequeno vizinho desenvolva o hábito da leitura, ele também assassina e sequestra pessoas. E a atuação de Penn como o “cara legal” é tão boa que você, caro espectador, não dá a mínima para as vítimas. E esse é o mecanismo de funcionamento de todos os relacionamentos abusivos.
Por fim, You se trata exatamente disso. Ele levanta o questionamento: se fosse você no lugar dessas mulheres, conseguiria se livrar?
Direção: Greg Berlanti, Sera Gamble
Direção: Greg Berlanti, Sera Gamble
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