quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Crítica: De Repente uma Família


O humor fugindo da praxe

Divulgação Paramount

Longa foi inspirado na história real de Sean Anders


A comédia dramática é o tipo de filme que pode ser produzido com muito êxito e Pequena Miss Sunshine é um ótimo exemplo disso; ou cair no esquecimento total, como acontece com a grande maioria. Diante desse cenário, Sean Anders escolhe adicionar mais uma comédia ao seu farto currículo do gênero dirigindo e roteirizando: De Repente uma Família. E para isso, ele segue a receita de bolo das comédias dramáticas com algumas piadas ruins, outras ótimas e muita lição de moral e melodrama.
De Repente uma Família é baseado na história da adoção dos três filhos do diretor. No filme Mark Wahlberg e Rose Byrne interpretam um casal que decide adotar uma criança. Em uma feira de adoção eles conhecem Lizzie (Isabela Moner), e por gostarem muito da personalidade forte da jovem a escolhem como filha. A surpresa vem quando eles descobrem que Lizzie tem dois irmãos mais novos e, para não separá-los da irmã, optam por adotá-los também. Assim eles levam pra casa duas crianças e uma adolescente, e não apenas um bebê como haviam planejado. 
Por se tratar de um filme que fala de adoção, mais especificamente a adoção de três crianças latinas, Anders pesou a mão nos estereótipos desse grupo. Clichês que nós já vimos várias vezes no cinema se repetem, como as brigas berradas em espanhol e a ideia de que essas pessoas só poderiam ser representadas como foi feito no filme, vindas de um lar disfuncional, criadas por uma mãe usuária de crack e presidiária. Mas, parece que o próprio enredo se corrige ao expor o fato de que aquela família é tão dependente do afeto dessas crianças quanto as crianças são dependentes do cuidado que seus pais adotivos podem lhes dar. Eles não são um casal de “brancos salvadores”, como a assistente social, interpretada pela impecável Octavia Spencer, fez questão de ressaltar em um dos momentos de alívio cômico do filme.


Divulgação Paramount

E por falar em alívio cômico, este é o ponto forte da trama. Nada absurdo, já que estamos falando de uma comédia afinal de contas. As piadas fogem um pouco do básico, é necessário que o espectador tenha algumas referências prévias tanto de cinema contemporâneo quanto de cultura pop. Um desses momentos é protagonizado por Octavia e é, certamente, a melhor piada do filme.  Não que você precise ser um “cult” para entender, mas chega a ser contemplativo ver a comédia fugindo um pouco do humor baseado nas pegadinhas, no ridículo e no esdrúxulo. Entretanto, de maneira alguma isso significa que não estamos lidando com uma comédia pastelão em seus outros aspectos.
Dessa forma, De Repente Uma Família apresenta ao público uma obra que, se fosse produzida de uma forma mais madura, teria dado um grande filme de drama, pois trata de um tema delicado e tocante. Mas, o diretor resolveu que essa história seria uma comédia mostrando que, talvez, a idéia realmente não fosse fazer um grande filme.


Direção: Sean Anders
















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