A voz das periferias sendo em forma de canção
Não é só uma biografia sobre Planet Hemp, é o nascer de uma eterna amizade
Sob direção de Gustavo Bonafé e Johnny Araújo, Legalize já – A Amizade Nunca Morre é uma
cinebiografia sobre a origem da Banda Planet Hemp. O nome do longa foi extraído
da música “Legalize Já” que fez muito sucesso nos anos 90. Apesar de parecer
meio sugestivo, a abordagem do filme não se trata de uma mensagem de apelo pela
legalização das drogas. Mas, um drama que traz exemplo de força, superação e, sobretudo,
o nascer de uma linda amizade e parceria.
Tudo muda quando Marcelo tem seu destino cruzado
por Skunk (Ícaro Silva), um jovem músico negro, periférico e revoltado com a
opressão vivida diariamente motivada pelo preconceito racial. Os dois se
encontram numa tentativa de fugir da polícia em contextos completamente
distintos. Skunk se impressiona com as frases de protesto escritas no caderno de
Marcelo que ele encontra caído no chão. A partir daí ele tenta de todas as
formas convencer o novo amigo a investir em seu potencial até que juntos
conseguiram formar a Banda Planet Hemp.
Legalize Já – A Amizade Nunca Morre é
rico em questões sociais dignas de serem debatidas. Racismo, preconceito,
aborto, abuso de autoridade policial e efeitos colaterais provocados por
coquetéis para portadores do vírus do HIV, foram temas abordados. Ícaro Silva
teve uma atuação brilhante do início até o fim. Ele incorporou o personagem de
uma maneira tão perfeita que foi capaz de despertar empatia e comoção até os
últimos minutos.
Renato Góes e Mariana Provenzzano não tiveram uma
atuação tão envolvente. Faltou um pouco mais de vida para a personagem que
permaneceu, durante todo o filme, com suas emoções bastante engessadas. Já
Renato, ao longo das cenas em que ele começa a viver o mais novo cantor, ele
tem uma melhora muito significativa de seu desempenho. A construção do roteiro
não deixou claro algumas questões que seriam importantes, como por exemplo, se
Marcelo tinha consciência ou não sobre as questões pelas quais Skank passava.
Além disso, poderia ter sido explorado melhor a problemática do aborto que foi
trazido de forma meio superficial.
Apesar de alguns pontos terem deixado a desejar, o
filme não perde sua eficiência. O enredo foi construído com base na história de
formação da banda que faz emergir as vozes das periferias através das músicas
de protesto. Planet Hemp ficou conhecida através de seus
discursos de resistência e denúncia social. Skank foi o mentor da banda e em
nenhum momento ele deixou de ter o protagonismo tão merecido. Ele morreu no ano
de 1994, um ano após a primeira formação da Banda. Mas, deixou um legado na vida
de D2 e eternas saudades, como o filme mesmo já diz, a amizade nunca morre.
Direção:
Gustavo Bonafé e Johnny Araújo
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