domingo, 30 de setembro de 2018

Legalize Já – A Amizade Nunca Morre

A voz das periferias sendo  em forma de canção

Não é só uma biografia sobre Planet Hemp, é o nascer de uma eterna amizade



Sob direção de Gustavo Bonafé e Johnny Araújo, Legalize já – A Amizade Nunca Morre é uma cinebiografia sobre a origem da Banda Planet Hemp. O nome do longa foi extraído da música “Legalize Já” que fez muito sucesso nos anos 90. Apesar de parecer meio sugestivo, a abordagem do filme não se trata de uma mensagem de apelo pela legalização das drogas. Mas, um drama que traz exemplo de força, superação e, sobretudo, o nascer de uma linda amizade e parceria.
 Marcelo (Renato Góes) é um vendedor ambulante de camisas Heavy Metal que tinha de driblar, cotidianamente, o “rapa” pra não perder suas mercadorias. Além das dificuldades encontradas por viver na casa do pai (Stepan Nercessian), praticamente de favor, sua namorada (Mariana Provenzzano) estava grávida num momento em que nenhum dos dois se viam em condições capazes de dar assistência a um futuro bebê. Todas pressões diárias e insatisfação com relação ao sistema, transformavam-se em linhas poéticas como forma de desabafo.
Tudo muda quando Marcelo tem seu destino cruzado por Skunk (Ícaro Silva), um jovem músico negro, periférico e revoltado com a opressão vivida diariamente motivada pelo preconceito racial. Os dois se encontram numa tentativa de fugir da polícia em contextos completamente distintos. Skunk se impressiona com as frases de protesto escritas no caderno de Marcelo que ele encontra caído no chão. A partir daí ele tenta de todas as formas convencer o novo amigo a investir em seu potencial até que juntos conseguiram formar a Banda Planet Hemp.
 Legalize Já – A Amizade Nunca Morre é rico em questões sociais dignas de serem debatidas. Racismo, preconceito, aborto, abuso de autoridade policial e efeitos colaterais provocados por coquetéis para portadores do vírus do HIV, foram temas abordados. Ícaro Silva teve uma atuação brilhante do início até o fim. Ele incorporou o personagem de uma maneira tão perfeita que foi capaz de despertar empatia e comoção até os últimos minutos.
Renato Góes e Mariana Provenzzano não tiveram uma atuação tão envolvente. Faltou um pouco mais de vida para a personagem que permaneceu, durante todo o filme, com suas emoções bastante engessadas. Já Renato, ao longo das cenas em que ele começa a viver o mais novo cantor, ele tem uma melhora muito significativa de seu desempenho. A construção do roteiro não deixou claro algumas questões que seriam importantes, como por exemplo, se Marcelo tinha consciência ou não sobre as questões pelas quais Skank passava. Além disso, poderia ter sido explorado melhor a problemática do aborto que foi trazido de forma meio superficial.
Apesar de alguns pontos terem deixado a desejar, o filme não perde sua eficiência. O enredo foi construído com base na história de formação da banda que faz emergir as vozes das periferias através das músicas de protesto. Planet Hemp ficou conhecida através de seus discursos de resistência e denúncia social. Skank foi o mentor da banda e em nenhum momento ele deixou de ter o protagonismo tão merecido. Ele morreu no ano de 1994, um ano após a primeira formação da Banda. Mas, deixou um legado na vida de D2 e eternas saudades, como o filme mesmo já diz, a amizade nunca morre.


Direção: Gustavo Bonafé e Johnny Araújo

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